Underground Lusófono Entrevista: Asterix o Néfilim fala da mixtape Submundo Luso vs 12transfusons‏

O blog Submundo Luso sedeado em moçambique em conexão com o blog 12transfusons (um blog angolano sedeado em Cabinda e administrado pelo rapper e promotor da produtora com o mesmo selo Asterix o Néfilim.
Como surgiu a ideia de criarem a mixtape?
R: Bem a ideia na verdade foi do gestor do blog submundo luso, conhecemo-nos na internet, ele propôs-me a ideia e a minha equipe aceitou sem exitação até porque não é a primeira vez que trabalhamos em projectos de gênero então decidimos alinhar e trabalhar nisto.

Como foi o processo de realização deste projecto?
R: Bem , o processo de realização passou por selecionarmos os artistas ideias de acordo os objectivos preconizados, neste projecto procuramos trazer as verdadeiras raizes de hip-hop, a essência da cultura e acima de tudo procuramos fazer algo um pouco fora do normal em projectos similares, é como um “back in the days”. Normalmente os promotores trabalham com artistas de renome e nós procuramos juntar um pouco de tudo, desde a nova a velha escola, e tentamos dar primazia também ao rap feminino, artistas no anonimato e os que já estão na ribalta do Hip-hop lusófono.

Submundo Luso vs 12transfusons é o titulo do projecto, porque este titulo?
R: Quando decidimos trabalhar neste projecto pensamos em vários titulos mas, por final achamos que “Submundo Luso vs 12transfusons” soaria melhor porque de certa maneira ajudaria a divulgar os nossos selos enquanto blogger´s e promotores de hip-hop.

Como foi feito a selecção de artistas para este projecto?
R: A selecção dos artistas foi feito mediante sugestão de todo elenco da 12transfusons e Submundo Luso, trabalhamos juntos nisso, tinhamos uma lista de artista nas quais queriamos que entrassem no projecto, contactamos directamente com estes e embora não tenhamos propriamente todos os artistas que pretendiamos mas, o que que aqui constam representam 90% daquilo que já haviamos proferido.

Qual o grau de interesse dos artistas em trabalhar convosco neste Projecto?
R: Como já referi atrás não é a primeira vez que trabalho com este tipo de projeto, em 2011 a lançamos a “Mixtape 12transfusons Ed. 2011” com o mesmo propósito, e alguns deles já tinhamos trabalhado junto como é o caso do AKAM-M, MAC D –O- MURMURYO e o ALKAPPA(que foi convidado também a participar no projecto mas, que por motivos alheios a sua vontade não foi possível ), e por experiência própria devo dizer que não tem sido nada fácil trabalhar com mc´s, é uma luta constante. Há quem ignora simplesmente porque não acredita no nosso trabalho, há quem ainda sub-estima e pensa que porque já tem uma certa popularidade envolver-se em projecto de gênero não cairia bem a sua imagem, outros aceitam participar teoricamente mas no fim acabam desistindo por motivos próprios ou alheios a sua vontade, e há ainda aqueles que fazem jus a definição de RAF-TAG “ Hip-hopcritas” porque nas letras “dizem ser verdadeiros, juram humildade, lealdade, que fazem o rap por amor à cultura e que dão tudo pelo rap(estes são os mais arrogantes) mas não aceitam logo na primeira, atendem-te o fone com um ar de superioridade, dizem que estão sempre ocupados ou simplesmente ignoram-te e outros acabam cobrando valores exorbitantes e exigir condições que vão além de nossas possibilidades mas já disse uma vez e volto a repetir: Nós somos produtoras independentes tudo que temos feito até hoje é fruto dos nossos bolsos, nós também somos pessoas singulares e sem apoio nenhum, trabalhadores de empresas privadas onde o que ganhamos mal chega para sustentar nossas famílias mas ainda assim fazemos sempre alguma coisa pelo rap, por esta cultura que tanto amamos mas sem receber nada em troca. Mas apesar de tudo devo reconhecer o esforço, o tempo, dedicação, disponibilidade e empenho de alguns artistas, em especial a Khris Mc, ao IKONOKLASTA, ao meu companheiro de luta AKAM-47 da poltersonnik, ao REDGOVEM, KARDINAL MC, Mona Dya Kidi e muito mais, a todo pessoal da 12transfusons com destaque para Absinto e Tecla 6/4, ao pessoal de Moçambique, Brasil e Portugal.

Lançaste o projeto no dia 31 de Dezembro de 2013, era esta a data prevista para o lançamento?
R: Não, esta não era a data prevista para o lançamento. No principio era um projeto que duraria apenas 2 meses mas, tivemos que adiar várias vezes porque os artistas que se comprometeram em trabalhar connosco não estavam a honrar com os compromissos, devido alguns contra-tempos eu tiveram, contra-tempos estes que provocou a desistência de alguns rapper´s e isto complicou muito o nosso trabalho, razão pela qual chegamos os 5meses de preparação deste projecto.
Desde o lançamento até hoje, como tem sido o feedback do público com relação a este projecto.
Olha, o feedback está sendo melhor do que pessoalmente esperava, todos os dias recebo elogios, palavras de encorajamento e felicitações pelo trabalho bem feito. E este é sem dúvida o nosso maior reembolso pela inteira dedicação neste trabalho.

Como é que as pessoas podem adquirir a este projecto?
R: A mixtape Submundo Luso vs 12transfusons, esta disponivel para download gratuito na internet em desde o dia 31/12/13, foi lançada em primeira mão em nossos blog´s(12tonline.blogspot.com/Submundoluso.blogspot.com) e demais blogs que estiveram hip-hop. O projecto não dispõe de qualuer fim lucrativo e é totalemente GRATUITO.
Há quanto tempo a 12transfusons está no mercado e como está constituido?
Como já havia referido a 12transfusons é umaprodutora independente que actua no mercado de Cabinda desde 2010 e que tem vindo a colocar no mercado diversas obras discográficas, realizado diversos shows, e demais actividades em prol do Hip-hop e está composto por: Asterix o Néfilim (C.E.O), Tecla 6/4(Produtor), Sacerdoth, Rezo-Luto, 02K63, Absinto(Designer) e Akônituz e Vars(Produtor) sendo que estes 3 últimos últimos representam os interesses da produtora na Capital do país. O Absinto e Akônituz forma o grupo Artigo 9.0 e todos juntos representamos o colectivo denominado “LETAL”.

Como encaras a música e em particular o rap em Cabinda?
R: Bem estaria sendo optimista, falso ou mentiroso se dissesse que estamos bem porque na verdade estamos mesmo mal, ainda há muito que fazer para que o pessoal aceita de bom grado a nossa cultura e tentar desviar suas atenções para o nosso lado. Fugindo um pouco da água diria que em Cabinda não é só o rap que está em péssimas condições porque isso –se reflecte em todos os estilos musicais, desde o kuduro, kizomba, semba, Kintueni e mayeye. Na verdade verdade há pouca divulgação da música feita em Cabinda e isso só acontece quando temos uma secretaria provincial da cultura ficticia e comunicação social inexistente, porque nada justifica que numa província com artistas de talento não saia 2 álbuns num periodo de 1 ano e que as poucas rádios que temos se recusam a apoair iniciativas como as nossas e demias persoanlidades interessadas. Voltando para o rap, este é o menos solicitado nas atividades e comissos governamentais mais é o que mais voz dá em termos de presença musical graças ao esforço de todoss os companheiros de luta como: A Cabmusic, Hip-Hop de gavetas, agora a Miller Team e não só e nota-se que a cada dia que passa surgem novas propostas, novos mc´s e novas produtoras com o interesse de dar mais vida ao movimento e eu me sinto feliz com isto.

Na sua opinião o que deve ser feito para mudar o quadro da situação da música local Cabindensa?
R: Bem tudo passa pela valorização da nossa música em primeiro lugar, se quisermos que nossa música seja valorizada em outros portos temos de ser nós a valoriza-la primeiro. É preciso acostumar as pessoas a ouvirem as nossas músicas, o povo de Cabinda é conhecido como”fidalgo” que não gosta de comparecer nos shows, que não gosta de comprar cd´s, não, não é isso. Nós é que temos de incentiva-los a irem aos nossos concertos, a comprarem os nossos Cd´s e nós não devemos actuar isoladamente quanto a esta situação, este é um papel que a Secret. Prov. Da Cultura também deve desempenhar com a comunicação social, neste caso as rádios e Tv´s (embora Cabinda não tenha nenhuma estação televisiva pública nem privada) de modo a tentar reverter esse quadro, talvez criar programas que ajudassem a promover a música local, apoio aos músicos, deixar de convidar os músicos apenas em campanhas partidiárias e actividades governamentais, e que o caché dos músicos locais seja igual ao dos músicos que vêm de Luanda ou de outro ponto do mundo de modo a com que estes se sintam valorizados também. E penso que um canal televisivo local ajudaria na promoção da imagem dos artistas no seio do enclave e não só. Na verdade Cabinda carece de rádios e televisões privadas que podessem diversificar a rotina das informações. Mas enquanto isso não acontece continuamos aqui. conhecemos a luta e o caminho e seguiremos firmes e fortes na esperança de um dia as coisas vierem a mudar.

Já estamos no ano 2014, quais os projectos em carteira para este ano?
R: Eu sempre disse que a 12transfusons não para, uma das coisas que mais mergulhoa nessa cena toda é que tenho uma equipe fantástida que gosta de trabalhar e está sempre disposto a sujar as mãos com a massa. Na verdade isto é algo que ainda vamos discutir na reunião que marcada para o dia 04/0114 onde faremos o balanço de 2013 e traçaremos objectivos para 2014 mas posso adiantar que Depois desta mixtape lançaremos o EP Ruaportagem do grupo Artigo 9.0, um Ep que temos vindo a trabalhar há quase 3 anos e que só esse ano finalmente vamos poder mete-lo nas ruas. e provavelmente fecharemos o ano com este projecto e esperamos que seja bem recebido porque estamos a trabalhar muito nisto há quase 2 anos e estamos a depositar aqui nossas energias e nosso total empenho.
Fala-nos deste EP
O EP Ruaportagem é uma abordagem das ruas, os problemas da população, o modo de vida dos cidadãos, as diferentes maneiras de encarar e sobreviver a vida, os sacrificios do dia-dia, é um olho das câmera nas ruas de Luanda, e toda sociedade envolvente.

Que nomes tem este projecto em termos de participações e produções?
R:Em termos de produções este projecto conta com as mãos de Tecla 6/4, Freeyamind of Paiol Sonoro(Moçambique), Billy Ray, Vars, Level Króniko, Kallisto, The Jumper´s. e participações de Kennedy Ribeiro, BZB, India, Big X, Dj Nel Assassin, Letal Coligação e outros.

Para terminar algumas palavras para aqueles que acompanham o vosso trabalho.
R: Gostaria de agradecer em nome de toda equipe 12transfusons e Submundo Luso a todos os rapper´s que participaram neste projeto. O nosso muito obrigado por acreditarem em nós e aceitarem trabalhar connosco sem olhar para o preconceito muito menos se importar com o factor financeiro, o nosso muito obrigado mesmo que Deus abençoe vossas carreiras, que continuem com esta disponibilidade em trabalhar em projetos similares e não só. Ao Tec-Tec e Absinto, pela paciência em aturar/suportar minhas pressões(sei que passaram noites sem dormir, horas abdicadas do resto para dedicarem o vosso precioso tempo a este projecto para torna-lo uma realidade) portanto, o meu muito obrigado(sem vocês realmente isto não seria possível). A todos os blogs/sites de hip hop a nível internacional pelo suporte e apoio incondicional que nos têm dado ao longo desses anos em todos os nossos projectos.

Feliz 2014 para todos amantes de hip-hop.
Asterix o Néfilim
12transfusons – Cabinda.

Download da mixtape Submundo Luso vs 12transfusons‏.

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